Deitada num banco de jardim vermelho de tinta estalada, a mulher louca dorme. Com as pernas caídas e com a cabeça sobre o braço. Na outra mão, um maço de águia. Mexe os lábios numa ladainha cantada. Apuro o ouvido e tento compreender o que lhe sai da boca. Acima dela uma árvore meia despida anuncia já o Outono que se faz notar no chão entre as folhas amarelas e laranja. Uma folha cai-lhe na cara de boca-sem-dentes e cabelos imundos queimados pelo sol. Solta o maço sobre o peito e agarra a folha observando-a. Naquele momento um sorriso esgarça-se. Num qualquer fim-de-semana de um ano bissexto, a qualquer hora de um dia sem nome, esta folha tinha de cair sobre o peito de uma mulher louca.
i am you
Monday, September 22, 2008
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1 comment:
Beautiful.
Todos nós temos, num qualquer dia, um momento só nosso. Eu, tu e todos os outros. É bom que assim continue a ser.
Beijo
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