Sunday, July 12, 2009

red

Pediste-me para parar, que já não aguentavas. Relembrei-te que ainda só tinha começado, que o melhor ainda estava para vir. Ergues os teus belíssimos olhos verdes ao tecto e neles vejo o reflexo da lâmpada que teima em falhar constantemente. Cospes-me na cara. Agradeço-te lambendo os restos de saliva que a minha língua alcança. Aperto-te mais um pouco o garrote que tens no pescoço. Tentas gritar. É em vão o teu esforço. Da tua boca de lábios finos mas vermelhos sai um chiar, que mais parece o som daquela brincadeira que fazia com os papeis dos rebuçados. Brotam lágrimas dos teus olhos que correm para o pescoço. As veias de tão dilatadas, deixam-me medir-te as pulsações. Afrouxo agora o garrote. Não quero perder-te já. Respiras com alguma dificuldade. Chamas-me nomes feios. Nem sabes o quanto gosto disso. Continua. Encosto os meus lábios aos teus e num repente arrancas-me uma boa parte do lábio superior. Sinto o prazer da dor por todo o corpo, num só arrepio. O sangue jorra agora directamente para a tua cara. Suponho agora que me vejas de vermelho. Não dizias que era a tua cor preferida de lingerie? Agora sou toda eu vermelho, meu caro. Acabaram-se as noitadas, acabou-se o putedo, porque tu nem qualidades para arranjares amantes tinhas. Aperto agora o garrote com todas as minhas forças. Vejo os teus belíssimos olhos verdes suplicarem por perdão. É tarde. Fixas então a luz da lâmpada que por fim se apaga para não voltar a acender. Sussurro-te ao ouvido: amo-te muito.

1 comment:

Mau Feitio said...

Este texto está mto bem escrito, transpira amor, amor,amor...